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Jovem é principal vítima do álcool




Percentual é mais do que o dobro dos que os 4% registrados entre a população em geral

Cerca de 320 mil jovens morrem, por ano, de causas relacionadas ao álcool, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estudo da organização divulgado em fevereiro mostra que esse número representa 9% do total de mortes entre 15 e 29 anos. Esse percentual é mais do que o dobro da taxa de mortes pelas mesmas causas entre a população geral - 4%.

O psiquiatra Carlos Salgado, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), alerta que os adolescentes têm maior exposição aos riscos do álcool, como sexo sem proteção, violência e acidentes automobilísticos.

"Em seguida, existe o risco crônico, que é a dependência", alerta. Segundo ele, o álcool também pode contribuir para o uso de substâncias ilícitas. "A bebida é uma porta para o seguimento de drogas ilícitas. Tipicamente, quem experimenta ilícitas, passou pelo tabaco e álcool", comenta.

O psiquiatra Arnaldo Madruga Fernandes, especialista em tratamento de dependentes químicos, alerta que o adolescente está com o organismo em desenvolvimento. O consumo de álcool nessa fase, ressalta, "estraga o desenvolvimento físico e psíquico, e a pessoa começa a ter valores emocionais diferenciados".

Para tratar o alcoolismo juvenil, Madruga orienta que é preciso saber qual é a origem da busca pelo álcool. Muitas vezes, os menores iniciam o consumo para tentar buscar soluções ou "anestesiar" alguma angústia pela qual passam.

"Um jovem de 13 anos vai tentar se afirmar através da bebida e tem uma falsa ilusão de se tornar homem. A estrutura psíquica dele não da condições de solucionar esse mal estar (mudanças para a adolescência, crises de identidade, iniciação sexual)", explica.

Vício. A bebida alcoólica é uma das drogas mais antigas e a mais consumida no Brasil, segundo Madruga. "Das pessoas que fazem uso de bebida, com certeza, de 10% a 12% vão se tornar dependentes. Isso é um número muito grande e o jovem é mais fácil de se tornar doente, pois acha que coisas ruins só acontecem com o outro", aponta.

Carlos Salgado ressalta ainda que o jovem é estimulado a beber em todo o mundo. "A pessoa não sabe que vai cair num sorteio", diz, referindo-se à percentagem dos viciados em álcool.

Na opinião do médico, as pessoas de todas as idades são incentivadas a iniciarem o consumo de bebida. "Somos todos estimulados a beber, até mesmo no domingo de manhã, em prova de F1 com propaganda de bebida. E o jovem é sensível a essa ordem de propaganda bem-feita", diz.

Salgado cita uma pesquisa da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) realizada em 2009 e segundo a qual 48% dos brasileiros não bebem. "As pessoas entrevistadas encontram simpatia em medidas restritivas para o consumo de álcool. A paixão nacional é de metade da população; a outra divide encargos decorrentes de pessoas que bebem", afirma.

Salgado ressalta que a idade adequada para um jovem iniciar o consumo de álcool é a partir dos 18 anos. "A legislação brasileira é coerente com a ideia de amadurecimento neuronal", explica, ressaltando que é preciso ter moderação. Para que não ocorram abusos, a orientação é o controle por parte dos pais do adolescente. "Se o deixarem beber aos 14 anos, porque acham que é impossível impedir, vão pagar por isso", alerta.

Madruga diz que, além da família, a escola e a sociedade exercem papel na construção do caráter dos jovens. "Precisam dar suporte para que essa pessoa se torne mais completa, com identidade sólida, sem necessidade de suprir com elementos extra-psicoativos", diz.

Preferência
Vodca com energético e cerveja estão entre as mais pedidas em BH

Na capital mineira, a bebida mais pedida por todas as idades – principalmente, pelos jovens – é a vodca com energético. “Isso ocorre no mundo inteiro. Vende mais até do que uísque. Um lugar onde trabalhei em uma noite chegou a vender 70 garrafas de vodca”, diz o bartender C.S.B., 29, que trabalha há dois anos em casas noturnas, bares e restaurantes de Belo Horizonte.

O que muitas pessoas não sabem é que essa combinação favorita consumida em excesso é um risco para a saúde. Segundo o psiquiatra Carlos Salgado, a mistura induz a pessoa a consumir mais. “O sujeito toma o energético, com elevada concentração de cafeína, e consegue beber mais sem ficar tão sonolento. Ele fica ativo na ‘noitada’ e aumenta o padrão de ingestão”, explica.

Prática. O médico comenta que a prática de muitos jovens fazerem um “aquecimento” antes da ‘balada’ é ainda pior para o organismo. “Fazem uso de bebida em casa, chegam à festa e bebem o destilado (vodca) junto com um psicoestimulante. É uma combinação que parece prazerosa, mas é muito infeliz”, alerta.

Salgado lembra ainda que existe apelo sobre o “glamour” de muitas bebidas, como o absinto, com elevada concentração alcoólica. “O objetivo é embriagar o consumidor, seja um francês ou um brasileiro”, opina.

O psiquiatra Arnaldo Madruga Fernandes ressalta a diferença entre bebidas destiladas (vodca, tequila, cachaça) e fermentadas (vinho, cerveja). “As destiladas são muito mais perigosas que as fermentadas”, comenta.

A cerveja, por exemplo, é consumida em larga escala pelos brasileiros. Segundo o bartender, para os frequentadores de botecos, ela é o “carro-chefe”. “O que define mais a diferença de consumo é o lugar e a classe social. Pessoas mais simples bebem cerveja, vinhos baratos. Mas a classe mais elevada bebe vodca com energético”, compara.

Segundo C.S.B., muitos clientes, mesmo com o preço elevado, pedem “combos” da mistura que caiu no gosto. Em algumas boates, uma dose de vodca chega a R$ 15 e a de energético, R$ 14. A garrafa tradicional de cerveja, por sua vez, fica em torno dos R$ 5.

Menores. Ele revela que muitos menores de idade conseguem bebidas alcoólicas em Belo Horizonte. “Dá para notar quando a pessoa é menor, mas se ela já está na casa, como não servir? É diferente de um bar em que a pessoa senta na rua”, diz. O bartender comenta que o acesso à bebida é fácil, no país. “Nunca vi ninguém em supermercado pedindo identidade. Mas também já vi bar fechando por ter muito menor bebendo”, conta sobre a fiscalização.

Estudantes “trocam”as aulas pelos botecos

Fim de semestre letivo, notas finais sendo divulgadas e é chegado o momento de comemoração. A partir de junho, os bares nos arredores de algumas universidades em Belo Horizonte ficam repletos de jovens estudantes. Na última quinta-feira, três alunos do curso de educação física se reuniram antes do início da aula, em um barzinho em frente ao campus da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), no Coração Eucarístico.

Gustavo Almeida, 20, conta que o curso tenta conscientizar os jovens a evitarem o consumo de bebida alcoólica. “Mas, no fim de semestre, como agora, a galera ‘chapa’”, diz ele, que gosta de beber pela “interação social”. O jovem comenta que não tem medo das consequências do álcool, pois bebe apenas socialmente.

Vinícius Araújo Antunes, 21, contou que tomou só um “porre” na vida. “Foi quando estava começando a beber, mas não tinha noção, tinha 17 anos”, confessa. Ele diz que é comum os alunos “matarem” aula nos botecos. “É bem raro, mas, de vez em quando, ‘mato’ aula para beber”, afirma. Ele não teme doenças relacionadas ao álcool porque bebe com moderação e faz exercícios físicos.

Guilherme José Machado Queiroz, 20, estudante do mesmo curso, é motivo de preocupação para a mãe. “Bebo para relaxar, gosto de cerveja, vodca. Já tomei vários ‘porres’ e já quase fui para o hospital. Minha mãe brinca que eu devo ser alcoólatra. Acho, sinceramente, que nunca vou parar de beber”, revela. Ele considera que as doenças relacionadas ao álcool demoram muito para acontecer, então, não vê problemas em beber.

O público feminino também é frequentador assíduo dos bares perto da universidade. Mariana Quaresma, 22, estudante de fisioterapia, conta que bebe de duas a três vezes por semana, para se divertir. “Já tomei um porre aos 15 anos e, antes, bebia de cinco a seis vezes por semana. Gosto mais de cerveja, mas, em casas noturnas, bebo umas quatro doses de vodca com energético”, diz. Quando o álcool afeta a memória, ela adia em um dia o estudo.

A amiga do mesmo curso, Ana Luiza Oliveira, 23, também gosta de estar com os amigos nos bares e concorda com Mariana. “Durante a semana, bebo, no máximo, dois dias. Afeta a memória, principalmente se tenho ressaca”, diz. As duas confessam que temem pela saúde. “Tenho medo das doenças, e tem tanta gente alcoólatra por aí. Tenho a consciência de que pode acontecer comigo”, diz Ana Luiza.


Fonte: O Tempo

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