Iridologia
À tradição milenar de "os olhos como espelhos d'alma", em que as terapias ancestrais observavam formato, grau de opacidade e coloração como indícios de saúde (ou falta dela...), modernamente surgiram (e continuam a surgir...) novas "escolas" de Iridologia, que se propõem a analisar a imagem da iris até mesmo ao nível microscópico, coletando dados que, pela "ciência oficial" só seriam possíveis via exames laboratoriais convencionais, ou, indo além dos aspectos físicos, onde raios da iris seriam capazes de desvendar até características psíquicas inconscientes.
A evolução dos equipamentos iridológicos, que da simples inspeção visual, passando por lupas, até o grau atual de captação de imagens digitais (hoje em dia, a custo bem acessível...) contribuiu para a disseminação da técnica, despertando cada vez mais adeptos apaixonados, bem como ferrenhos críticos igualmente exaltados.
Tamanho passionalismo resulta em exageros, que ora substimam, ora superestimam as reais possibilidades práticas da Iridologia. A premissa de que qualquer parte do corpo pode refletir o estado geral do indivíduo é milenarmente conhecida e utilizada nas mais variadas culturas. Porém, especificamente a Reflexologia pela íris, ao menos na forma em que é atualmente praticada, é relativamente recente, daí o fato de que muito ainda está por ser discutido.
Atribui-se ao húngaro Ignatz von Peczely a "paternidade" da Iridologia, que no século XIX, associou estados mórbidos a sinais apresentados na íris, tendo desenvolvido os primeiros mapeamentos conhecidos, publicando em 1881, o estudo "Discoveries In The Field Of Natural Science And Medicine: Instruction In The Study Of Diagnoses From The Eye" (Descobertas No Campo das ciências Naturais e da Medicina: Instrução no Estudo de Diagnóstico Pelo Olho).
Sob esta origem pesa uma estória, sabidamente um mito, em que, quando criança, acidentalmente quebrou a pata de uma ave, observando o surgimento imediato de um sinal na íris do animal, o qual foi desaparecendo paralelamente ao restabelecimento do pássaro. Este que deveria ser apenas um conto lúdico a ilustrar, metaforicamente, os primórdios da técnica, lamentavelmente é propagado como se verídico fosse, o que em nada contribui para a credibilidade da técnica. Muitos novos autores publicaram tratados sobre a Iridologia, cada qual com variantes quanto ao mapeamento reflexológico da íris. A maior parte dos profissionais brasileiros adotou a cartografia proposta pelo quiropraxista americano Bernard Jensen. Pertinente observar que a Iridologia não é uma terapia em si, mas sim, uma técnica de avaliação. Na hora de trabalhar o Cliente, o Iridólogo terá que aplicar OUTRAS técnicas, estas sim, terapêuticas, para efetivar seu atendimento; as mais usuais seriam a Fitoterapia, a Terapia Floral, a Ortomolecular e a Acupuntura.
A Iridologia é uma TÉCNICA e, como tal, poderia ser exercida por várias profissões distintas, cada qual respeitando os seus limites de atribuições. Por exemplos: Iridologia em animais, só pode o veterinário ... para avaliação dentária , só o odontólogo.... para DOENÇAS, só os médicos... para avaliação energética e psíquica, os Terapeutas Holísticos...
Lamentavelmente, a maior parte dos cursos de Iridologia insistem em manter-se inadequados quanto ao modo em que ensinam a trabalhar, ferindo frontalmente a legislação brasileira. Tanto diagnosticar, quanto tratar DOENÇA é exclusividade médica. Assim sendo, quando os cursos de Iridologia ensinam a descobrir "doenças" pela iris, automaticamente estão ensinando a serem presos por exercício ilegal de medicina. Da mesma forma, escolher fitoterápicos, oligoelementos, vitaminas, etc, basendo-se no quadro de "doenças", novamente está caracterizado o exercício ilegal de medicina...
TUDO deveria basear-se em questões "energéticas" (meridianos, chacras, etc...) e psíquicas, pois, com isso, evitariam as controvérsias judiciais. Outro erro comum é mandar aviar formulações: excetuando-se o caso da terapia floral, TODA formulação é considerada monopólio médico, inclusive, quanto a produtos ortomoleculares.
SE a avaliação iridológica focasse naquilo que ela realmente deveria, ou seja, ser uma reflexologia do estadoQUALITATIVO do Cliente, nenhum problema haveria; já ao extrapolar sua utilização e desandar a se propor a obter informações QUANTITATIVAS que nem sequer refinados exames laboratoriais conseguiriam e a estabelecer patologias, aí é franca invasão de profissão alheia à nossa, ou seja, exercício ilegal de medicina. No mais, pertinente observar que médicos são PROIBIDOS de exercer iridologia, não por nós, mas por seu próprio conselho fiscalizador, que considera a técnica como charlatanismo.
Há determinadas providências e atitudes que cada profissional pode fazer para reduzir os riscos processuais. Primeiramente, jamais vender produto algum: é unânime de que tal procedimento é anti-ético e considerado ilegal para a maioria dos juristas, que aplicam por analogia as mesmas leis que proíbem aos médicos se associarem a farmácias. Mais cômodo e seguro é orientar o Cliente adquirir por conta própria nas boas casas do ramo. Para o caso de uso em aplicações de consultório, atente que o valor pelo atendimento deve ser sempre igual, usando ou não os produtos, pois, se houver acréscimo, caracterizará a "venda" do que está sendo utilizado. Para poder ter algum produto guardado para uso, tem que manter a NOTA FISCAL (não mero recibo...) em que conste claramente os dados identificatórios da empresa responsável; desta forma, compartilha a sua responsabilidade. Jamais manter "estoque" (mais de um kit, por exemplo...) no consultório, pois é indício de que estaria revendendo.
Problemas e Soluções
A Iridologia herdou uma postura médica, focando na avaliação de "doenças", atitude esta que a coloca em franca desvantagem em relação à oficial eficiência dos atuais exames laboratoriais, além de implicar em enorme probabilidade de culminar em processos judiciais e corporativos: se for exercida por médicos, além de passível de punição por seu próprio órgão fiscalizador, já que o Conselho de Medicina proíbe aos médicos exercerem Iridologia, igualmente pode resultar em processo penal por charlatanismo; se for exercida por não-médico, ao associar a prática com "doenças", de pronto funciona como confissão de crime de exercício ilegal de medicina (tanto diagnóstico, quanto tratamento de "doenças" é monopólio médico), quanto de curandeirismo.
Como agravante de indícios de ilícito penal, muitos colegas insistem em se uniformizar de roupas brancas (para a maioria das autoridades brasileiras, significa estar "trajado de médico"...) e em se apresentar com títulos de "doutorado" e/ou "médico" obtidos em cursos estrangeiros que nada valem em nosso país, acrescentando "falsidade ideológica" às acusações já mencionadas. O estudo da jurisprudência (casos julgados em tribunais) realizado pelo SINTE - Sindicato dos Terapeutas aponta que o fator de maior peso é o hábito, infelizmente ainda arraigado entre os Iridólogos, de vender aos Clientes os próprios produtos que recomendam.
Qualquer autoridade oficial, desde fiscais fazendários e sanitários, passando por delegados e juízes, são unânimes em concluir que tal atitude é mais do que antiética, sendo igualmente ilegal, estimulando a que apliquem todos os enquadramentos legais possíveis para coibir a popularmente conhecida prática da "empurroterapia", o que, por sinal, também é péssima propaganda, pois de pronto afasta a Clientela mais esclarecida, que certamente interpreta como suspeita e enxerga um óbvio conflito de interesses em tal situação.
O caminho para a revitalização e segurança legal da Iridologia, é assumir a vocação para a Terapia Holística, descartando a "herança médica" do Século 19 e tal qual as demais Reflexologias (podal, quiro e auricular, dentre outras...), reformular sua proposta, terminologia e postura, abolindo a associação com "doenças" e descobrir novos potenciais de aplicação, tais como avaliações energéticas, psíquicas e predisposições funcionais. Para tal, o único órgão oficial e de postura neutra capaz de conciliar, sem favoritismos, as mais diversas correntes da Iridologia é o SINTE, em especial, por sua já consagrada experiência em desenvolver padrões de trabalho adequados à legislação e mercado brasileiros, sintetizando na forma de NTSV - Norma Técnica Setorial Voluntária específica para esta técnica.
Eis a razão pela qual coordena o Projeto Iridologia, que certamente é a maior e mais importante pesquisa a ser realizada, que resultará em novos rumos, acrescentando mais um capítulo essencial na História da Iridologia mundial.
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