Pular para o conteúdo principal

República de dependentes



Novo modelo de reabilitação para viciados em drogas e álcool usa rotina em comunidade como ponte entre a desintoxicação e a vida livre da dependência
Ex-dependentes químicos dividem casa na Vila Clementino, zona sul de São Paulo 
São Paulo está adotando um modelo inédito de reabilitação da dependência química: a criação de repúblicas para usuários de drogas que passaram por processos de desintoxicação. Uma casa-piloto, com oito jovens, funciona há nove meses na Vila Clementino, zona sul.
Outras cinco repúblicas semelhantes, voltadas para o tratamento de moradores de rua, devem ser abertas a partir de março pela prefeitura.
Os projetos são coordenados pela Uniad (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Na casa, a rotina é parecida com a de uma república de estudantes. Os jovens, com idade média de 25 anos, fazem a comida, lavam a roupa, arrumam a casa. Cada um tem uma cópia da chave e entra e sai a hora que desejar.
A abstinência tem que ser total (nem cerveja pode). Não há ninguém fiscalizando, mas testes antidrogas e bafômetros são usados para checar se eles estão "limpos".
Nos últimos meses, três jovens tiveram que sair da casa porque sofreram recaídas, segundo o orientador da república, Marcos Vieira, 41.
Espécie de conselheiro dos jovens, Vieira já foi usuário de drogas, abandonou o vício e hoje trabalha como terapeuta especializado em dependência química. É ele que aplica os testes na casa.
O jovens são obrigados a manter o tratamento para a dependência (com remédios, psicoterapia e grupos de ajuda mútua) fora da casa e a retomar estudos ou trabalho.
Sete dos oito moradores estudam ou trabalham. O tempo de abstinência vai de três meses a um ano.
Como contrapartida, o projeto oferece o imóvel e o pagamento de despesas da casa, por meio de patrocínio.
Os jovens bancam comida e despesas pessoais.
Inspirado nas "sober houses" americanas (casas da sobriedade, em tradução literal), o projeto busca resolver um dilema no tratamento da dependência: o que fazer após a desintoxicação?
RECUPERAÇÃO
Há uma certa unanimidade entre os médicos de que só a internação não basta.
"Ela é boa para estabilizar a pessoa. O desafio é como ajudá-la a retomar os laços familiares, o estudo, o trabalho. As casas de transição podem ser uma boa opção", diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da Uniad e do projeto das repúblicas.
Na literatura médica, estudos mostram que a permanência nas "sober houses"- em conjunto com outras terapias- aumenta as chances de recuperação.
As pesquisas também mostram que elas são viáveis financeiramente se forem autossustentáveis-os pacientes tocam os serviços da casa e pagam suas despesas.
Para o psicólogo Jason Leonard, que estuda há 15 anos esses modelos e é autor do livro "Vidas Resgatadas", ter rotina e estrutura longe do ambiente que propicia o uso de drogas é fundamental para a recuperação.
"Com a abstinência, o apoio e a comunhão entre pessoas que estão no mesmo barco, é provável que você tenha um resultado muito bom", disse ele à Folha.
A psicóloga Ilana Pinsky, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas, afirma que a iniciativa torna os jovens adictos mais independentes. "Ao viver em comunidade, eles precisam ter responsabilidade e, ao fazer as coisas por conta própria, descobrem que são capazes."

CLÁUDIA COLLUCCI
FOLHA DE SÃO PAULO

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CÉREBRO REPTILIANO

ENTENDENDO O PROCESSO IMPLANTAÇÃO DE CRENÇAS E AUTO-SABOTAGEM. Na medicina essa parte do nosso cérebro é conhecida como Complexo-R. Foi pesquisada pelo neurocientista Paul MacLean. Seu livro “The triune brain in evolution”, Ed. Kluwer Print on Dema, custa 1.352,70 reais.  Um livro com este preço deve ser sobre um assunto extremamente importante e valioso, não acham?  E também e star ao alcance de muitos poucos é claro! Para uma descrição científica vejam: http://pt.wikipedia.org/ wiki/Encéfalo O cérebro reptiliano é responsável pela auto-preservação e agressão. Essa é sua função principal. Já está visto o quanto ele é responsável pela situação da pessoa na vida, seu dinheiro, sua saúde, seus relacionamentos, etc. O comportamento humano está na função direta do Complexo-R. Ele explica o porquê da tremenda auto-sabotagem que os humanos fazem. Entendida a função do Cérebro Reptiliano entende-se praticamente todo o comportamento humano, todos os problemas que existem nesse planeta e

O que é a ABRATH?

Atualmente, é necessário que, um profissional seja capacitado o bastante para demonstrar a veracidade do seu serviço ou a qualidade do seu produto, conquistando a confiança de seu cliente, com honestidade e ética. A Terapia Holística não é exceção. Nossa categoria profissional de prestadores de serviços vem crescendo exponencialmente. Se no passado distante, as técnicas holísticas eram vistas como enganadoras e no passado recente como “terapias alternativas”, nos dias atuais, somos profissionais com uma missão bem determinada: orientar as pessoas para buscar o seu equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual em diversas técnicas como Terapeuta Holístico. Objetivo Nosso objetivo é atuar junto com Terapeutas Holísticos que têm a missão holística em mente e colaborar para adquirirem mais autoconfiança e transmitirem esta confiança para seus clientes. Como foi dito, é necessária uma comprovação na sociedade atual. O Certificado de Responsabilidade Técnica Holística (CRTH), com abr

Mini currículo!

Terapeuta Holístico. Psicoterapeuta Holístico, cromo terapeuta, Iridoterapeuta, Massoterapeuta, terapeuta Floral. Foi Coordenador técnico do Centro terapêutico Nova Esperança, referencia no tratamento da dependência química no estado de Goiás. A mais de 13 anos atua como voluntário/coordenador em grupos de Amor-Exigente. Consultor organizacional, na avaliação, treinamento e desenvolvimento de equipes multidisciplinares voltadas à dependência química e co-dependência. Conselheiro Terapêutico, prestando assessoria ás comunidades terapêuticas e outras organizações. Presta assessoria e consultoria, na implantação de programas empresariais, voltado à qualidade de vida, prevenção ao uso e abuso de álcool, drogas e comportamentos compulsivos, tratamento e acompanhamento dos dependentes químicos no ambiente organizacional. Executa palestras: em empresas, escolas, grupos de jovens, grupos religiosos, grupos de autoajuda, presídios, etc. Atendimentos individuais de